segunda-feira, 13 de abril de 2009

Lewis: o novo Dick Vigarista?

Desde que largou no GP da Austrália de 2007 passando por fora Fernando Alonso, seu então companheiro de equipe na McLaren e vencedor dos dois campeonatos anteriores, Lewis Hamilton sempre foi inevitavelmente comparado a Michael Schumacher.

Os que acompanharam aquela corrida e o desenvolvimento do inglês no ano dividiram-se em correntes que viam em Hamilton o mais forte candidato a quebrar o recorde de sete títulos mundiais de Schumacher e outros que preferiam esperar um pouco mais, afinal, promessas furadas como Jean Alesi, Heinz-Harald Frentzen e Giancarlo Fisichella alertavam para a necessidade de cautela. Ninguém discordava, porém, que Lewis era um cara acima da média e extremamente competente para alguém com sua idade e - falta de - experiência. Como Michael em seus primeiros anos na Benetton.

Em apenas duas temporadas, polêmicas na pista não faltaram no currículo do primeiro negro a ocupar um lugar no grid da F1. Naquele GP da Hungria de 2007, pouca gente lembra, mas a atitude de Alonso (deixar o carro parado no pit mais tempo que o necessário para que Hamilton não conseguisse dar sua última volta rápida no treino e roubar a pole de Fernando) foi apenas um troco à quebra de acordo de Hamilton, que saiu antes do espanhol para a pista, diferentemente do combinado. E foi ali que ambos romperam, Ron Dennis entrou no meio, Alonso ameaçou "dedar" a McLaren, Dennis entregou tudo a Max Mosley (presidente da FIA) antes que Fernando o fizesse e deu no que deu. Culpa indireta, portanto, de Lewis.

Depois ainda houve as acusações de excesso de agressividade na pista - mais falta de agressividade dos outros que deslealdade de Hamilton, acredito eu -, o desfecho melancólico do primeiro ano e a quase perda do título no segundo campeonato. Problemas que, até aí, só afetaram o próprio piloto, até então dissociado da fama de trapaceira da McLaren.

Mas no mesmo circuito de Melbourne que Hamilton impressionou o mundo positivamente dois anos atrás, deixou decepcionados seus defensores e deu uma bela mancada com Jarno Trulli, um cara que, para a F1, está como um gentleman da estirpe de Leonardo (apesar da cotovelada) para o futebol.

Lewis mentiu. Mentiu orientado pela McLaren? Sim, mas mentiu. Quando Jarno escapou sob bandeira amarela, o inglês perguntou à equipe se deveria deixá-lo passar novamente. Seu staff disse que sim, permitisse a passagem do italiano. Hamilton deixou. Depois, a McLaren acusou Trulli de ter passado em condições ilegais. Resultado: o piloto da Toyota perdeu o terceiro lugar que conquistara, mas, depois que um vídeo amador mostrou o que realmente ocorreu, os pontos foram devolvidos ao italiano. Gente boa o pessoal da McLaren, não?

O fato é que, perguntado sobre o ocorrido, Hamilton mentiu à FIA, que acreditou em sua palavra e puniu Trulli num primeiro momento, sem checar outras fontes e apenas crendo no que disse o inglês. O "rebú" atingiu tal ponto que provocou a demissão do cara que mandou Hamilton mentir, mas já era tarde demais. Amanhã, 14 de abril, a McLaren será julgada no tribunal da FIA em Paris e corre o risco, mais uma vez, de ser excluída do Mundial. Tudo porque quis dar uma de "espertona", como fez quando milagrosamente os projetos da Ferrari surgiram nas pranchetas de seus engenheiros.

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